Friday, March 26, 2010

Em contagem decrescente--FÉRIAS--

Olá Bloggers!!
Bem...não escrevo aqui no blog a algum tempo. Não há muito para contar, a vida continua, com as suas tribulações e constantes tropeços,
E um facto é que nós temos que  aguentar a este temporal político/económico/social com bóias salva-vidas. 
Esta é a última semana de aulas, e, por isso mesmo, já me sinto mais ou menos em  férias. Vou passar  metade das minhas férias na casa do meu pai e vou ter de aturar "as pestinhas", isto é, os meus queridos priminhos, mas aparte disto, está tudo bem.
Durante este tempo que não escrevi, amores foram criados e outros infelizmente quebrados.
O que dizem/mostram os teus olhos? Foi-me feita esta pergunta. Ao princípio , hesitei, talvez seja por não saber realmente o que dizem, talvez seja por não querer revelar realmente o que dizem.
Posso dizer-vos que dizem pouco para alguns e muito para outros. Dizem que os olhos são o espelho da alma. Os meus olhos, são misteriosos, guardam segredos e memórias de vidas passadas e esperançadas, que agora não estão mais do que quebradas. Guardam remorsos de caminhos não-optados e de escolhas mal-tomadas. Guardam saudades de momentos bem passados e de beijos trocados. Mostram o desejo de quem quer muito, mas tem pouco. Os meus olhos, ousam falar, mas não falam, ousam tocar, mas não tocam, ousam sentir, mas não sentem, enfim são meros pintores abstractos da realidade que vivo. Pintam-na de forma  subtil e impressionista. Há muito a dizer sobre eles, mas não direi, porque senão teria que matar-vos (estou a brincar). O que escrevi parece um tanto poético (para alguns), mas é apenas este o baú dos meus olhos.

Para terminar, deixo-vos um poema de Ary dos Santos (Muito bem aconselhado-David Gonçalinho)

Poeta castrado não!

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não! 



Kisses***
kiky
PS: "Façam o Favor de Serem Felizes"- Raul Solnado (BY: David Gonçalinho)

0 comments: