"Os melhores sonhos de todos são aqueles que nos põem a pensar e a mexer. Os únicos sonhos de que vale a pena falar são os que não nos deixam dormir."
- Miguel Esteves Cardoso
I've been quite lazy to write and share, to be honest, so I didn't highlight two important dates this week. But to redeem myself, in spite of not wanting to write that much, I'm going to do it now. :)
Sunday, 18 March, here in England it was the Mother's day. Also known as 'Mothering Sunday' which is celebrated on the 4th Sunday in Lent. Fortunately, and despite all the economic crisis we're going through, people still want to show their appreciation towards mothers, giving cards, flowers, cakes or just a nice warm hug. It is so nice to see that people still care about their mom.
And the second date, "World Poetry Day" on March, 21st, ie, yesterday. Actually, yesterday was quite an interesting day for me. When I was wandering around the city, a little after noon, precisely at rush hour, I remembered a flawless poem (It might not look so perfect for some people but at least for me it is) I used to read all the time. It's a poem from Fernando Pessoa that I really relate to and I thought 'why not share it?' So, here it is, right below the text. That's it. I hope y'all had a nice day (mine wasn't that good :|) and Hakuna matata, bloggers! :)
c-ya later!
Tommy :)
Poema em linha recta
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos
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